Trabalho Espiritualidade e Religiosidade

 Resenha na abordagem temática, uma análise sobre o tema:             Espiritualidade e Cura           

        Curso de Pós Graduação/Campus SWIFT

                               CAMPINAS-SP

Professora: Dra. Ylara Hellmeister

CEO Instituto Hellmeister de Pesquisa

Aluno: Tiago de Oliveira

RA nº 711 220 00049

Texto:  Religiosidade, Espiritualidade em Pacientes Oncológicos:

                        “Qualidade de Vida e Saúde”

Fonte:  www. SiElo.br/pdf/ptp/v26n2/108v26n2    

Abr-Jun 2010. Vol. 26 nº 2.pp. 265-272

Trabalho de conclusão de curso de Renatha El Rafini Ferreira, sob orientação da Profa. Silvia Aparecida Formazari.

Depto. de psicologia Geral e Análise do Comportamento, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Londrina, Campus Universitário. Caixa Postal, 6001. Londrina PR CEP 86051-090 _ fone /fax (43) 3371.4227 E-mail silformazari @yahoo.com.br

SciElo.br/pdf/ptp/v26n2/108v26n2

Universidade Estadual de Londrina- PR

    O estudo investigou o enfrentamento religioso em 10 pacientes oncológicos de uma instituição especializada, com idade entre 25 e 55 anos.

    A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas. Os resultados foram   analisados considerando o conteúdo do relato verbal das pacientes, assim descritos: (1) categorias de conteúdo do relato verbal (suporte emocional, cura, busca de significado, contribuições no tratamento e controle); e (2) características de religiosidade/espiritualidade.

      Todas as participantes apresentaram relatos verbais com conteúdo de religiosidade/espiritualidade, o que evidencia que a relação entre a doença e a possibilidade de morte fazem do enfrentamento religioso uma estratégia de redução do estresse e melhoria da de vida das participantes.

     O câncer atinge altos índices de incidência, constituindo na segunda causa de mortalidade no Brasil (Martins, 2001).   O diagnóstico da neoplasia causa um forte impacto na vida de seus portadores (Carvalho, 2002). Para lidar com essa condição, as pessoas com câncer utilizam diferentes estratégias de enfrentamento, destacando-se no presente trabalho a religiosidade e a espiritualidade, que predominam em grande parte da população acometida por essa enfermidade (Ferreira & Fornazari, 2007).

   Na abordagem de Folkman, Lazarus, Gruen e De Longis (1986), eles definem enfrentamento como “esforços cognitivos e comportamentais voltados para o manejo de exigências ou demandas internas ou externas, que são avaliadas como sobrecarga aos recursos pessoais” (p. 572). Dessa forma, muitos indivíduos utilizam estratégias de enfrentamento para lidar com determinada situação estressora. Estratégias de enfrentamento são classificadas de acordo com suas funções e podem estar focadas no problema ou na emoção.

   O enfrentamento religioso pode estar relacionado tanto ás estratégias focadas no problema quanto ás estratégias focadas nas emoções ( Seidl, Trocoli & Zannon, 2001).  A religiosidade e a espiritualidade aparecem como importante aliadas para as pessoas que se encontram enfermas (Fleck, Borges, Bolgnesi & Rocha, 2003). Contudo, são as consequências do enfrentamento religioso que predirão se os resultados refletidos na saúde do paciente aparecem de forma positiva ou negativa.  Para Koenig, PARGAMENT E Nielsen (1998), eles identificam estratégias positivas como sendo aquelas que resultam em melhora na saúde mental, redução de estresse, “crescimento espiritual” e cooperatividade.

      As estratégias negativas estão relacionadas com resultado que apontam correlações negativas referentes a qualidade de vida, depressão e saúde física, como p.ex. uma atitude de não adesão ao tratamento por acreditar em cura divina.

   A religiosidade e a espiritualidade estão recebendo cada vez mais atenção na assistência à saúde. Peres, Simão e Nasello (2007), escrevem que “o interesse sobre a espiritualidade e a religiosidade sempre existiu no curso da história humana, a despeito de diferentes épocas ou culturas. Contudo recentemente a ciência tem demonstrado interesse em investigar o tema” (p.137). Nesse contexto, o IBGE (Instituto de Geografia e Estatística _ 2000), afirma que o Brasil possui um potencial religioso sincrético expressivo e alta prevalência de praticantes de religiosidade/espiritualidade, sendo que apenas 7,3% da população não tem religião.

   A relação entre espiritualidade e saúde tem se tornado um claro paradigma a ser estabelecido na prática diária do profissional de saúde. “A espiritualidade, relacionada ou não a religiosidade, historicamente tem sido ponto de satisfação e conforto para momentos diversos da vida, bem como motivo de discórdia, fanatismo e violentos confrontos” (Guimarães & Avezum, 2007, p.89). Para Skinner (1953/1998), a religião apresenta-se como uma Agencia de Controle que deriva de uma “conexão” com o sobrenatural, de forma a criar ou alterar certas contingências.

  De acordo com a história de reforço e punição de um indivíduo, a religiosidade /espiritualidade estará mais ou menos presente no modo como a pessoa irá vivenciar a doença.   A religiosidade/espiritualidade tem demonstrado grande impacto sobra a saúde física, sendo considerada como possível fator de prevenção ao desenvolvimento de doenças, e eventual redução de óbito oi impacto de diversas doenças.  Estudos independentes “determinam que a prática regular de atividades religiosas tem reduzido o risco de óbito em cerca de 30% e, após ajustes para fatores de confusão, em cerca de 25% “(Guimarães & Avezum, 2007, p. 93).  

     O enfrentamento religioso abrange a religiosidade e a espiritualidade que se diferem em alguns aspectos. A religiosidade está relacionada com uma instituição religiosa e/ou igreja, pela qual o indivíduo segue uma crença ou prática, proposta por uma determina religião (dogma), (Lukoff, 1992; Miller, 1998). A espiritualidade é definida como característica individual que pode incluir a crença em um Deus, representando uma ligação do “Eu” com o Universo e com outras pessoas. Assim, a espiritualidade envolve questões sobre o significado e o propósito da vida, encontrando-se além da religião e da religiosidade (Sullivan, 1993).  

    A religiosidade/espiritualidade tem demonstrado grande impacto sobre a saúde física, sendo considerada como possível fator de prevenção ao desenvolvimento de doenças, e eventual redução de óbito ou impacto de diversas doenças. Conforme assinalado por Panzini, Rocha, Bandeira & Fleck (2007), o campo da qualidade de vida pode vir a se tornar um mediador entre o campo da saúde e o das questões religiosas/espirituais, facilitando o desenvolvimento de intervenções em saúde espiritualmente embasadas” (p. 113).

   A preocupação, enquanto profissionais da saúde, deve ser de que as pessoas enfermas sejam compreendidas em suas formas singulares de lidar com a doença, como também entender a influência dessas relações no processo de qualidade de vida desses pacientes.

   O presente trabalho teve como objetivo geral investigar o enfrentamento religioso em pacientes oncológicos.  Mais especificamente, objetivou-se:

  1. Caracterizar as pacientes de acordo com suas especificidades e com a categorização do conteúdo de seus relatos verbais.
  2. Diferenciar o conteúdo do relato verbal das participantes quanto ás características de religiosidade e espiritualidade;
  3. Analisar o conteúdo do relato verbal das pacientes no que se refere ao comportamento de pensar sobre a morte;
  4. Verificar a existência de características do enfrentamento religioso que facilitam e/ou dificultam a qualidade de vida de pessoas com câncer.

Procedimento:

    As entrevistas foram realizadas, por escolha das participantes, em suas respectivas residências. As entrevistas foram gravadas em fita cassete e   outras manifestações gestuais e expressivas foram anotadas pelo pesquisador. Então os relatos das participantes foram transcritos e analisados.

Analise de dados:

     A   análise de dados foi realizada a partir do conteúdo do relato verbal das participantes, presentes nas entrevistas.  Compreendeu repetidas      leituras, seleção das verbalizações que continham argumentos referentes ao interesse da pesquisa, e análise do conteúdo do relato verbal (Martins, 1996).   Com o objetivo de garantir a fidedignidade dos dados, um segundo pesquisador participou da análise dos conteúdos dos relatos verbais das participantes. Cada pesquisador ouviu a entrevista repetidas vezes, identificando o conteúdo expresso por seu relato e categorizando-o.

Resultados e Discussão:

      Inicialmente foi realizada a categorização da amostra, sendo os resultados divididos em (1) Categorias levantadas a partir do conteúdo do relato verbal das participantes; (2) Características de religiosidade e                             espiritualidade.   De acordo com a categorização da amostra, a presente pesquisa compreendeu seis elementos   _ idade, gênero, escolaridade, tempo de diagnostico, tratamento e religião.

Categorias levantadas a partir do conteúdo do relato verbal das participantes.

Na presente amostra, observa-se, a partir do conteúdo do relato verbal de todas as participantes, a presença do enfrentamento religioso, demonstrando a partir de relatos que continham referencias a um “Deus” ou a um “ser supremo”.  O conteúdo desses relatos aponta para o suo de estratégias, onde foi possível levantar cinco categorias: (1) Suporte Emocional, (2) Cura (transformação da vida), (3) Busca de Significado, (4) Contribuições no Tratamento e (5) Controle.

  A busca de Significado apareceu em 80% das participantes e o Suporte Emocional, em 70%   delas, sendo estas as categorias que mais se destacaram nos relatos das participantes.   Tal fato pode demonstrar que a religiosidade e/ou a espiritualidade, proporcionam um forte auxilio tanto no acolhimento como na procura por significação, aparecendo como variáveis importantes para o enfrentamento da problemática.   Esse fato demonstra o quanto o indivíduo precisa buscar uma explicação para os eventos que o cercam e até mesmo para seu futuro no longo prazo, além de quanto essa estratégia pode ajudá-lo a enfrentar a situação atual que vivencia.

 Grande parte das participantes (60%) atribuíram á religiosidade e á espiritualidade a causa de sua cura (transformação de vida) e/ou Contribuições no Tratamento, o que sugere que designam a um “ser supremo” e/ou transcendental o motivo de uma possibilidade de cura ou melhora.

Frequência de conteúdo, presentes nos relatos verbais de todas as participantes, referentes á cada categoria.

(p5)   _ Então aquele assopro que senti, para mim foi Jesus que passou na minha vida. E me deu amis uma oportunidade de viver melhor.

(p9) _ Lembro-me de que na primeira noite, quando estava no hospital, recuperando-me da cirurgia, vi-me de repente, sorrindo sem saber para quem…. Não foi sonho, nem delírio.  Estava bem desperta e consciente. Uma presença que eu não via, mas sentia, inundou meu ser e me trouxe uma sensação de leveza. De bem estar, de conforto e de confiança.

(p4) _ hoje a minha vida não pertence mais a mim. E sim a meu Pai que sabe de todas as coisas. Hoje se quero alguma coisa eu coloco nas mãos de Deus. Porque Ele que sabe o que é bom pra cada um de nós. E se não for do jeito que eu queria, eu não me lamento.

SiElo.br/pdf/ptp/v26n2/108v26n2

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